segunda-feira, 25 de março de 2024

Março Negro - 25/03: Data Magna do Ceará - “A história que a História não conta”



Março Negro

25 de março: Data Magna do Ceará

“A história que a História não conta”


Cantou a Estação Primeira de Mangueira, campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro em 2019, no samba enredo História para ninar gente grande, mostrando um país que não está no retrato. A luta por liberdade, justiça e dignidade forjou-se com muito sangue retinto pisado desde o início da formação do povo brasileiro, dizia o samba.


O negro arrancado do continente africano reagiu à dominação do branco europeu de diversas formas, dentre as quais destacam-se a formação de quilombos e a instituição de sociedades abolicionistas. A escravidão não foi um acidente de percurso, nem a abolição da escravatura foi uma boa ação de uma elite boa nascida nos confins da Terra Brasilis.


No, atual, Estado do Ceará, a abolição ocorreu no dia 25 de março de 1884, quatro anos antes da promulgação da Lei Áurea que colocou fim nos quase 305 anos de escravidão no Brasil, em 13 de maio de 1888. Assim, a então província, comandada por Manuel Sátiro de Oliveira Dias, ficou conhecida como A Terra da Luz por esse movimento de libertação e não por seu clima ensolarado.


Esse movimento vanguardista se deu tanto pelo surgimento de uma classe média abolicionista, como pela luta de setores populares, a exemplo dos jangadeiros que aderiram ao movimento, liderados por Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde. Eles proibiam o embarque e o desembarque de escravizados em Fortaleza. Devido a esse episódio, o líder dos jangadeiros ficou conhecido como o Dragão do Mar.


Em janeiro de 1883, há menos de um ano da abolição na província, em praça pública, o povo da Vila do Acarape assistiu à entrega de 116 cartas de alforria aos escravizados. A atual cidade de Redenção é, então, o primeiro território a libertar os cativos de seus antigos engenhos e senzalas que, por muitos anos, testemunharam a escravização do povo negro. Torna-se Redenção, marco e símbolo de liberdade.


Perfil - Dragão do Mar e a História da Abolição no Ceará (TV Assembleia Ceará)


O documentário sobre Dragão do Mar, também conhecido como Chico da Matilde, conta a história de Francisco José do Nascimento, contextualizando com o momento da abolição da escravidão no Ceará. Prático mor e filho de jangadeiro, Dragão do Mar foi o líder dos jangadeiros no Movimento Abolicionista no Ceará, o estado pioneiro na abolição da escravidão.
Concepção: Angela Gurgel 
Apresentação e Roteiro: Marina Ratis 
Produção: Ana Célia de Oliveira Marina Ratis 
Edição: Vinicius Augusto Bozzo 
Pesquisa Musical: Angela Gurgel 
Artes: Daniel Cardoso 
Locução: Jânio Alves e Karol Martins 
Coordenação de Núcleo Documentário: Angela Gurgel




Os Cearenses - Dragão do Mar (Fundação Demócrito Rocha)

Francisco José do Nascimento nasceu em Aracati no dia 15 de abril de 1839. Virou Chico da Matilde, em homenagem a sua mãe. Participou como líder dos jangadeiros do movimento abolicionista do Ceará. Homem de ação, todas as vezes que anunciavam o embarque de escravos, ele lançava-se ao mar em sua jangada e acompanhava a esteira branca do Navio Negreiro até o final da Ponta do Mucuripe. Por este motivo, recebeu o “título” de Dragão do Mar. Morreu em 1914.




A invenção do Ceará - O pioneirismo do CE na Abolição da Escravidão


 
 

Maria Tomasia e a abolição da escravatura no Ceará



Dragão do Mar: O Jangadeiro da Abolição - Eduardo Bueno




A aristocrata que lutou para que a abolição no Ceará fosse adiantada

Maria Tomásia Figueira Lima foi a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras, que foi fundamental para que o Ceará decretasse a libertação dos escravizados antes da Lei Áurea

Por: Isabela Alves - Observatório 3º Setor

Maria Tomásia Figueira Lima foi uma aristocrata que lutou para que a abolição da escravatura no Ceará fosse adiantada. Nascida em 1826, em um município do interior do Ceará, ela se mudou para Fortaleza após se casar com o abolicionista Francisco de Paula de Oliveira Lima.

Em Fortaleza, ela se tornou uma das maiores articuladoras do movimento abolicionista do estado: Maria Tomásia foi a cofundadora e primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras, a entidade que mais lutou em prol desta causa na época. O movimento, fundado em 08 de dezembro de 1880, reunia 22 mulheres de famílias influentes que argumentavam a favor do fim da escravidão.

Ao fim da primeira reunião, elas assinaram 12 cartas de alforria e, posteriormente, conseguiram que os senhores de engenho assinassem mais 72. O grupo chegou a conseguir apoio financeiro até do Imperador Dom Pedro II.

O movimento, também, promovia reuniões abertas ao público e nestes eventos as mulheres da Sociedade sempre ressaltavam a importância da libertação dos escravizados. As mulheres, também, recorriam aos jornais e clamavam pela abolição de toda a província.

A ação foi fundamental para que o Ceará decretasse a libertação dos escravizados antes da Lei Áurea. No dia 25 de março de 1884, Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa, onde ocorreu o ato oficial de libertação dos escravizados do Ceará.

Outro personagem fundamental para essa antecipação da abolição da escravatura no Ceará foi o jangadeiro Francisco José do Nascimento, também conhecido como Dragão do Mar, do qual falamos em outro texto. 

Fontes: Folha de São Paulo e Dicionário da escravidão negra no Brasil


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