sexta-feira, 19 de abril de 2024

Educação das Relações Étnico-Raciais - Povos e Comunidades Tradicionais do Ceará: Material Pedadógico da SEDUC-CE




A Secretaria da Educação, por meio da Codea/Diversidade e Inclusão Educacional, produziu uma série de vídeos protagonizados por lideranças dos povos e comunidades tradicionais do Ceará, dentre eles: os Povos Indígenas, Quilombolas, Cigano e de Matriz Africana (Candomblé). Essa produção tem o intuito de contribuir para o atendimento de uma das exigências do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana: "produzir e distribuir regionalmente materiais didáticos e paradidáticos que atendam e valorizem as especificidades (artísticas, culturais e religiosas) locais e regionais da população e do ambiente, visando ao ensino e à aprendizagem das relações étnico-raciais"

Seguem os links, para que professores/as e estudantes tenham acesso ao material e disponham de mais um subsídio para desenvolver discussões curriculares sobre a temática das Relações Étnico-Raciais em sala de aula. Acreditamos que esse material possa contribuir para a construção de uma educação cada vez menos racista e mais inclusiva.

Abaixo seguem os links de acesso aos vídeos:

- Povos de Matriz Africana (Candomblé): 

- Povo Cigano:

- Povo Negro:

- Povos Indígenas do Ceará:













- Povos Quilombolas do Ceará:

A Questão indígena no Brasil - Estratégia Vestibulares

 



quinta-feira, 18 de abril de 2024

COMO A REVOLUÇÃO FRANCESA MUDOU O MUNDO - Nostalgia História

 


CAPÍTULOS
▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀
4:42 - Poder Absoluto
9:30 - Uma sociedade Desigual
15:31 - Uma filosofia Ilumina a Europa
23:25 - A França Pega Fogo
33:12 - Novas Leis
39:54 - Pera aí... cade o Rei?
45:24 - A Monarquia Termina em Sangue
53:08 - Nasce uma República
58:41 - Terror
1:07:00 - Os girondinos Voltam ao Poder
1:12:07 - A vez de Napoleão Ponaparte

CRÉDITOS ▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀ Direção e Apresentação: Felipe Castanhari Locução: Guilherme Briggs Roteiro: Rob Gordon e Felipe Castanhari Consultoria: FTD Sistema de Ensino Produção: Rob Gordon Ilustrações: Randall Random Animação:Israel Motta Edição e Motion: Mariana Kadlec Ass. de Edição / Motion: Ana Paula Miranda Design: Bel Rainer Correção de Cor: Telinho PlayMix Correção de Áudio: Hataka Studios IDENTIDADE VISUAL Direção Criativa: Caique Oliveira e Eduardo Soldatti Direção Artistica: Eduardo Soldatti Diretor de Animação: Caique Oliveira Design: Eduardo Soldatti e Caru Campos Animação: Caique Oliveira e Caru Campos

Fonte: Nostalgia História CONHEÇA NOSSAS FONTES ▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀▀
CHAUSSINAND-NOGARET, Guy. Queda da bastilha: o começo da revolução francesa. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1989.
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa: 1789-1799. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Editora Unesp, 2019.
DHOTEL, Gérar. A Revolução Francesa Passo a Passo. Tradução de Julia da Rosa Simões. São Paulo: Claro Enigma, 2015.
VOVELLE, Michel. A Revolução Francesa Explicada à Minha Neta. Tradução de Fernando Santos. São Paulo: Editora Unesp, 2007.
ARENDT, Hannah. Sobre a Revolução. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
LEFEBVRE Georges. 1789 : o surgimento da Revolução Francesa. Tradução de Cláudia Schiling. São Paulo: Paz e Terra, 2019.
HUNT, Lynn. Política, cultura e classe na Revolução Francesa. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MICHELET, Jules. História da Revolução Francesa: da queda da Bastilha à festa da Federação. Tradução de Maria Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
TOCQUEVILLE, Alexis de. Tradução de Rosemary Costhek Abílio. O antigo regime e a revolução. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
DARNTON, Robert. Poesia e polícia: redes de comunicação na Paris do século XVIII. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
CARVALHO, Daniel Gomes de. Thomas Paine e a Revolução Francesa: entre o Liberalismo e a Democracia (1794-1795). Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistor.... Acesso em: 11 nov. 2022. Morin, Tania Machado. Virtuosas e perigosas: as mulheres na Revolução Francesa. São Paulo, Alameda, 2013.
NUNES, Danillo. A Bastilha e a revolução. Rio de Janeiro: Record, 1989.
CARVALHO, Daniel Gomes de. O pensamento radical de Thomas Paine (1793-1797): artífice e obra da Revolução Francesa. São Paulo, 2017. https://dedalus.usp.br/F/SMP1UU68PSEN.... Acesso em 11 nov. 2022.
FIABANE, Danielle. Esquerda e direita ainda são conceitos válidos? Disponível em: https://pesquisa-eaesp.fgv.br/sites/g.... Acesso em 11 nov. 2022.
ELIAS, Alice. Revolução Francesa: Robespierre e a maior parte dos jacobinos são executados na guilhotina. Hoje na História, 28 jul. 2022. Disponível em: https://www.fflch.usp.br/34666. Acesso em 11 nov. 2022.
REVISTA USP, Dossiê Revolução Francesa. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/is.... Acesso em: 11 nov. 2022.
FURET, François. A revolução em debate. Tradução de Regina Célia Bicalho Prates e Silva. Bauru, EDUSC, 2001.
Fontes em vídeo:
BBC The French Revolution - Tearing Up History. Disponível em:   
 • BBC The French Revolution - Tearing U...   (Documentário da BBC com legendas em português). Acesso em 12 nov. 2022.
La Révolution française des origines à 1795 | L'Histoire nous le dira (Documentário canadense com legendas em espanhol e inglês). Disponível em:   

terça-feira, 16 de abril de 2024

Análise da música: “Toda forma de poder” - Engenheiros do Hawaii




“Toda forma de poder” é uma música da banda Engenheiros do Hawaii, lançada em 1986, no álbum “Longe Demais das Capitais”. A letra, de cunho político, faz uma crítica aos governos e, como diz o próprio título, à “toda forma de poder”. 

O que chama a atenção nessa música é que, logo no primeiro verso da letra, faz-se uma crítica à linguagem usada pelos políticos/governantes/pessoas importantes, algo que, como será mostrado, chama-se “novilíngua”; ao mesmo tempo, depois, essa mesma estratégia é usada pelo próprio eu-lírico.

Toda forma de poder

Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada (Yeah, yeah)
Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada (Yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada
(Yeah yeah, uoh, uoh)

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada
(Yeah, yeah)
Toda forma de conduta se transforma numa luta armada
(Uoh uoh)
A história se repete
Mas a força deixa a história mal contada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer


Logo de início, nota-se a percepção do eu-lírico quanto à novilíngua: “Eu presto atenção no que eles dizem / mas eles não dizem nada”. A novilíngua “é o processo de manipulação da linguagem que invade o campo político, esvazia o discurso e, como pesadelo de Orwell, instrumentaliza a esfera pública”. Todos sabemos o quanto os políticos enrolam em seus discursos, mudam de assunto, utilizam frases prontas, frases de efeito, enfim, “falam sem falar”, com intuito de se distanciarem do assunto principal. É a novilíngua, muito utilizada por ditadores.

Em seguida, o eu-lírico diz que Fidel Castro e Pinochet dão risada de nós, pois não fazemos nada, e que ele já começa a achar normal que algum boçal/ignorante — fascista? — atire bombas na embaixada. É que a novilíngua é “capaz de minar o hábito de ouvir, a atenção e a concentração, formando pessoas que deixam de pensar a política como uma esfera de atuação em seu cotidiano” e assim, acostumam-se, apenas seguem o que é dito, acreditam que todos os discursos são iguais e mentirosos, alienam-se. 

Os nomes Fidel e Pinochet podem ser trocados por vários outros, aqui mesmo, no Brasil, temos tantos políticos que caçoam de nós, que criam leis que beneficiam a eles e nos prejudicam, no entanto, nós não fazemos nada para combatê-los — alguns dizem não fazer por não adiantar, por isso nem tentam… —; ou ainda, nem precisa ser político, mas líderes religiosos ou certos “artistas”, que soltam seus ideais autoritários e passam por cima de leis e nada lhes acontecem.

Para quem não sabe, Fidel Castro foi o revolucionário cubano, líder ao lado de Che Guevara na Revolução Cubana, que tirou o ditador Fulgêncio Batista do poder e que implantou o Comunismo. Embora Cuba tenha melhorado em muitos sentidos desde então, Fidel Castro continuou sendo autoritário. Assim, o eu-lírico critica a “extrema esquerda”. 

Por outro lado, Augusto Pinochet, comandante do exército chileno, foi quem liderou o golpe militar de 1973 e implantou uma ditadura sobre o Chile. Autoritarismo e fascismo resumem o que foi o “governo” de Pinochet. Assim, o eu- lírico critica a “extrema direita”.

Em seguida, chega o refrão, e é nesta parte em que o eu-lírico, conscientemente, utiliza-se da novilíngua, distanciando-se totalmente do discurso proferido na primeira estrofe.

Se no primeiro verso ele reclama que presta “atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada”, agora, quem não diz nada é o próprio eu-lírico: “Se tudo passa, talvez você passe por aqui / E me faça esquecer tudo que eu vi / Se tudo passa, talvez você passe por aqui / E me faça esquecer”. 

Além de fugir do assunto político que estava sendo discutido, neste momento o eu-lírico canta mais devagar, repete algumas frases e ainda se utiliza de um jogo de palavras que faz o refrão ser a parte mais memorável da música. Observemos o jogo de palavras usado, destacadas as sílabas que o compõe: SE – pasSA – voCÊ – pasSE – faÇA – esqueCER – SE – pasSA – voCÊ – pasSE – faÇA – esqueCER.

Não é à toa que a maioria das pessoas lembra somente desta parte da música, esquecendo-se totalmente (ou nem percebendo/refletindo) o teor crítico do resto dela. E isso acontece na maioria das músicas. 

Passando o refrão, o eu-lírico volta com suas críticas e diz que “toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”, pois “toda forma de conduta se transforma numa luta armada”. Aqui se mostra quase um niilismo do eu-lírico, pois este não vê sentido em forma alguma de poder, seja de “direita ou de esquerda”, além disso, há a denúncia de que todo extremismo causa revoltas/ lutas armadas. 

Termina-se essa estrofe dizendo que “a história se repete / mas a força deixa a história mal contada”, até porque, geralmente quem sobra para contá-la são os vencedores. Ou, como disse Napoleão: “A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo”. A força e o autoritarismo deformam os fatos e criam ideologias. Ideologias camufladas por discursos. 

Interessante notar que o eu-lírico, ao terminar de cantar a última palavra da estrofe, “contada”, fica repetindo as duas últimas sílabas: “ta” e “da”, como se fosse um eco, assim como é dito que a história se repete, mas mal contada, contada pela metade, contada só o final. É bom lembrarmos que se não conhecermos a História, podemos repetir erros do passado.

Depois disso volta o refrão que nada tem a ver com o conteúdo da música, agora com mais de uma voz e cantado mais alto. Talvez, implicitamente, esteja mostrando que para a fuga há mais forças/pessoas/vozes, mas para a crítica…

Por fim, depois de tantos indícios que o eu-lírico já tinha dado, ele fala do fascismo. Diz que o “fascismo é fascinante / deixa a gente ignorante e fascinada / É tão fácil ir adiante e se esquecer / Que a coisa toda tá errada / Eu presto atenção no que eles dizem / Mas eles não dizem nada”.

Além de ser real, essa estrofe é atual. Ora, o fascismo, a violência, o poder, realmente atraem/fascinam. Dão uma resposta simples e rápida para problemas difíceis e complexos. Assim nascem as ideologias. Um exemplo: nazismo. O nazismo deu uma resposta muito simples e rápida para todos os problemas na Alemanha: extermínio de judeus. Disseram na época que o problema de toda a situação ruim (seja econômica, cultural etc.) da Alemanha era a presença dos judeus, sendo assim, a solução era somente exterminá-los. 

Um exemplo mais atual: temos centenas de políticos governando o Brasil, inúmeros problemas em todos os âmbitos, mas andam dizendo que a culpa de todos os problemas é a presidente, que tirando-a, ela e o seu partido “do poder”, tudo se resolve. Outro assunto que está em debate é a diminuição da violência, onde a maioria acredita que, investindo em prisões, punições e diminuindo a redução da maioridade penal, resolver-se-á tudo. Quando se fala em educação, é só em diminuição dos gastos e investimentos.

Voltando à novilíngua, ela foi e ainda é muito utilizada por ditadores e fascistas, tanto que antes de ela possuir esse nome, era referida como “linguagem stalinista” (Stalin, como se sabe, foi um ditador da União Soviética). A ideia de punição/aniquilação/ destruição, isto é, o fascismo, fascina e “deixa a gente ignorante”. Dão-se respostas simples e rápidas, porque é “tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda está errada”. 

// 

Não nos deixemos enganar pela linguagem, não nos deixemos cair em ideologias; pensemos antes de agir, porque ao agirmos sem pensar, se não for por emoção e desatenção, é por intenção, é por pretensão, é por ação imediata, ao invés de reflexão, opinião e ação sensata. 

Engenheiros do Hawaii é uma banda brasileira de rock, liderada por Humberto Gessinger, criada em 1984, esteve em atividade até 2008, ano em que a banda entrou em “pausa” e está até hoje. 

Referências:


3º Ano - "Ditadura Militar no Brasil"

 

Fonte: Nas Tramas de Clio










segunda-feira, 15 de abril de 2024

"Ditadura Militar: 10 Músicas de Protesto" História Digital

O golpe militar de 1964 instaurou no Brasil uma forte censura, praticada através dos Atos Institucionais (AI’s) criados para aumentar a repressão do Estado sobre a população ou qualquer manifestação que fosse contrária ao governo imposto no país. Não demorou para a música – enquanto manifestação artístico-cultural de forte teor político – estar entre os principais alvos da censura. Mas nem isso calava a voz dos artistas. Assim, conheça 10 músicas de protesto à Ditadura Militar.
Se você curte este tema e deseja ler algo para aprofundar ainda mais no assunto, sugerimos a leitura do livro Cale-se: Mpb e Ditadura Militar, que trata das letras das canções compostas nos anos mais duros da ditadura (1964 a 1974), e reforça a ideia de que a música serviu – e serve – como uma importante ferramenta de comunicação, carregando mensagens (as mais variadas possíveis) com as palavras e frases que formam suas letras.
Vale ressaltar que nem todas as músicas foram criadas como forma de protesto. Por exemplo, alguns cantores, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, compunham músicas com forte teor político e social, mas nem sempre faziam críticas diretas à ditadura. Porém, são citadas por fazerem parte de um momento histórico único em nossa história, caracterizado pela efervescência cultural.

1- Alegria, alegria


A música Alegria, Alegria foi lançada em 1967, por Caetano Veloso. Valorizava a ironia, a rebeldia e o anarquismo a partir de fragmentos do dia-a-dia. Em cada verso, revelações da opressão ao cidadão em todas as esferas sociais. A letra critica o abuso do poder e da violência, as más condições do contexto educacional e cultural estabelecido pelos militares, aos quais interessava formar brasileiros alienados.
Trecho: O sol se reparte em crimes/Espaçonaves, guerrilhas/Em cardinales bonitas/Eu vou…
2 - Caminhando - Pra não dizer que não falei das flores

Caminhando (Pra não dizer que falei das flores) é uma música de Geraldo Vandré, lançada em 1968. Vandré foi um dos primeiros artistas a ser perseguido e censurado pelo governo militar. A música foi a sensação do Festival de Música Brasileira da TV Record, se transformando em um hino para os cidadãos que lutavam pela abertura política. Através dela, Vandré chamava o público à revolta contra o regime ditatorial e ainda fazia fortes provocações ao exército.
Trecho: Há soldados armados / Amados ou não / Quase todos perdidos / De armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam / Uma antiga lição: De morrer pela pátria / E viver sem razão
3 - Cálice

A música Cálice, lançada por Chico Buarque em 1973, faz alusão a oração de Jesus Cristo dirigida a Deus no Jardim do Getsêmane: “Pai, afasta de mim este cálice”. Para quem lutava pela democracia, o silêncio também era uma forma de morte. Para os ditadores, a morte era uma forma de silêncio. Daí nasceu a ideia de Chico Buarque: explorar a sonoridade e o duplo sentido das palavras “cálice” e “cale-se” para criticar o regime instaurado.
Trecho: De muito gorda a porca já não anda (Cálice!) / De muito usada a faca já não corta / Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!) / Essa palavra presa na garganta
4 - O bêbado e o equilibrista

O bêbado e o equilibrista, foi composto por Aldir Blanc e João Bosco e gravado por Elis Regina, em 1979. Representava o pedido da população pela anistia ampla, geral e irrestrita, um movimento consolidado no final da década de 70. A letra fala sobre o choro de Marias e Clarisses, em alusão às esposas do operário Manuel Fiel Filho e do jornalista Vladimir Herzog, assassinados sob tortura pelo exército.
Trecho: Que sonha com a volta / Do irmão do Henfil / Com tanta gente que partiu / Num rabo de foguete / Chora! A nossa Pátria Mãe gentil / Choram Marias e Clarisses / No solo do Brasil…
5 - Mosca na sopa

Mosca na sopa é uma música de Raul Seixas, lançada em 1973. Apesar das controvérsias acerca do sentido da música, a letra faz uma referência clara à ditadura militar. Através de uma metáfora, o povo é a “mosca” e, a ditadura militar, “a sopa”. Desta forma, o povo é apresentado como aquele que incomoda, que não pode ser eliminado, pois sempre vão existir aqueles que se levantam contra regimes opressores.
Trecho: E não adianta / Vir me detetizar / Pois nem o DDT / Pode assim me exterminar / Porque você mata uma / E vem outra em meu lugar…
6 - É proibido proibir

É proibido proibir é uma música de Caetano Veloso, lançada em 1968. Esta canção era uma manifestação das grandes mudanças culturais que estavam ocorrendo no mundo na década de 1960. Na apresentação realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, a música de Caetano foi recebida com furiosa vaia pelo público que lotava o auditório. Indignado, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, tamanho era o barulho dentro do teatro.
Trecho: Me dê um beijo meu amor / Eles estão nos esperando / Os automóveis ardem em chamas / Derrubar as prateleiras / As estantes, as estátuas / As vidraças, louças / Livros, sim…
7 - Apesar de você

Depois de Geraldo Vandré, Chico Buarque se tornou o artista mais odiado pelo governo militar, tendo dezenas de músicas censuradas. Apesar de você foi lançada em 1970, durante o governo do general Médici. A letra faz uma clara referência a este ditador. Para driblar a censura, ele afirmou que a música contava a história de uma briga de casal, cuja esposa era muito autoritária. A desculpa funcionou e o disco foi gravado, mas os oficiais do exército logo perceberam a real intenção e a canção foi proibida de tocar nas rádios.
Trecho: Quando chegar o momento / Esse meu sofrimento / Vou cobrar com juros. Juro! / Todo esse amor reprimido / Esse grito contido / Esse samba no escuro
8 - Acender as velas

A música Acender as velas, lançada em 1965, é considerada uma das maiores composições do sambista Zé Keti. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964. A letra deste samba possui um impacto forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Faz uma crítica social as péssimas condições de vida nos morros do Rio de Janeiro, na década de 1960.
Trecho: Acender as velas / Já é profissão / Quando não tem samba / Tem desilusão / É mais um coração / Que deixa de bater / Um anjo vai pro céu
9 - Que as Crianças Cantem Livres
Que as crianças cantem livres é uma composição de Taiguara, lançada em 1973. No mesmo ano, o cantor se exilou em Londres, tendo sido um dos artistas mais perseguidos durante a ditadura militar. Taiguara teve 68 canções censuradas, durante o período de maior endurecimento do regime, no fim da década de 1960 até meados da década de 1970.
Trecho: E que as crianças cantem livres sobre os muros / E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor / E que o passado abra os presentes pro futuro / Que não dormiu e preparou o amanhecer…
10 - Jorge Maravilha

Jorge Maravilha, lançada em 1974, é mais uma música de Chico Buarque, agora sob o pseudônimo de Julinho de Adelaide, criado para driblar a censura. Os versos “você não gosta de mim, mas sua filha gosta” parecia uma relação conflituosa entre sogro, genro e filha. Mas, na verdade, fazia alusão à família do general Geisel. Geisel odiava Chico Buarque. No entanto, a filha do militar manifestava interesse pelo trabalho do compositor.
Trecho: E como já dizia Jorge Maravilha / Prenhe de razão / Mais vale uma filha na mão / Do que dois pais voando / Você não gosta de mim, mas sua filha gosta