Na prova do Enem 2010, tente resolver esta questão sobre as
diferentes visões e interpretações acerca da Guerra do Paraguai, um dos
maiores conflitos armados que já ocorreu na América Latina. A
resolução está logo abaixo da questão, com comentários e habilidades
cobradas na prova. Para ter mais informações sobre este exame nacional,
fique atualizado nas notícias sobre o Enem.
A imagem abaixo foi escolhida
intencionalmente para confrontar as pinturas tradicionais das grandes
batalhas da guerra, como Riachuelo, Avaí e Tuiutí. Neste, caso,
observamos a visão dos civis que estavam longe dos campos de batalha,
mas nem por isso sofrendo menos que os combatentes.
Para aprofundar o seu conhecimento neste
assunto, sugerimos que você leia sobre o contexto em que ocorreu a
Guerra do Paraguai no Resumo: Política no Segundo Reinado. Você pode, também, complementar os seus conhecimentos assistindo ao vídeo sobre a Guerra do Paraguai.
Questão
Confira a resolução
Questão 22:
Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai.
(CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado).
O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão.
(DORATIOTO. F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado).
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre
a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra.
b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra.
c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha.
d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra.
e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito.
No
dia 18 de setembro de 1865, ocorre a rendição do Paraguai, depois do
cerco de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. É um bom momento para
lembrarmos daquele que é considerada o maior conflito armado da América
do Sul. Muitos historiadores consideram que esta guerra foi um grande
golpe na tentativa do Paraguai se tornar uma grande potência
latino-americana. Conheça 20 curiosidades sobre a Guerra do Paraguai.
A guerra ocorreu no século XIX, mais especificamente durante o Segundo Reinado,
considerando a situação política brasileira. Para compreender o
contexto em que a guerra ocorreu, assim como os seus desdobramentos na
sociedade e política brasileiras, leia o resumo sobre o Política no Segundo Reinado.
– A Guerra do
Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América
do Sul. A guerra foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870.
– O conflito iniciou-se com a invasão da
província brasileira de Mato Grosso pelo exército do Paraguai, sob
ordens do presidente Francisco Solano López. O ataque paraguaio ocorreu após uma intervenção armada do Brasil no Uruguai, em 1863.
– Foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata,
em que o Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana,
tendo o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do
Prata, e o terceiro a Guerra do Uruguai.
– Em represália à intervenção no Uruguai, Solano López ordenou que fosse apreendido o navio brasileiro Marquês de Olinda. No dia seguinte, o navio a vapor paraguaio Tacuari apresou o navio brasileiro, que subia o rio Paraguai rumo à então Província de Mato Grosso.
– A derrota do Paraguai marcou uma
reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países
mais atrasados da América do Sul, devido a diminuição da sua população,
ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de
guerra, entre outros motivos.
– Em 7 de janeiro de 1865, são criados os corpos de Voluntários da Pátria,
que pretendiam incentivar o alistamento de civis por ideais
patrióticos. No começo até que dá certo, mas logo a empolgação passa, e o
trabalho de alistamento se torna cada dia mais complicado.
– Os “voluntários” começam então a ser
recrutados na marra. Cada qual dava seu jeito para escapar da guerra.
Uns doavam dinheiro e empregados, outros tramavam para que inimigos
políticos fossem no seu lugar. Havia até quem oferecesse familiares:
sobrinhos, irmãos, filhos…
– A prática mais comum, no entanto, era a aquisição de escravos
para substituir o convocado. Até o governo passou a comprar negros para
as batalhas. “Forças e mais forças a Caxias. Apresse a medida de compra
de escravos e todos os que possam aumentar o nosso Exército”, escreveu
dom Pedro II ao ministro da Guerra.
– Estima-se que mais de 20 mil escravos
tenham lutado na guerra. O número representa cerca de 16% dos soldados
brasileiros. Como é de se imaginar, eram tratados como inferiores pelos
companheiros. Muitos trabalhavam como criados dos soldados brancos.
– A ordem do dia para a Batalha de Tuiuti,
uma das mais importantes da guerra, determinava: todos os batalhões
deveriam estar a postos, inclusive “os bagageiros e camaradas (criados)
dos senhores oficiais”. Era uma clara referência aos escravos que
estavam na guerra.
–
O Paraguai sofreu grande redução em sua população. A guerra acentuou um
desequilíbrio entre a quantidade de homens. Algumas fontes citam que 75% da população
teria perecido ao final da Guerra. Estimativas atuais, contudo, fixam o
percentual de perdas de vidas entre 15% e 20% da população.
– Dos cerca de 160 mil brasileiros
que combateram na guerra, as melhores estimativas apontam cerca de 50
mil óbitos e outros mil inválidos. Outros ainda estimam que o número
total de combatentes pode ter chegado a 400 mil, com 60 mil mortos em
combate ou por doenças.
–
As forças uruguaias contaram com quase 5.600 homens, dos quais pouco
mais de 3.100 morreram durante a guerra devido às batalhas ou por
doenças. Já a Argentina perdeu cerca de 18 mil combatentes dentre os
quase 30 mil envolvidos. Outros 12 mil civis morreram devido
principalmente a doenças.
–
As altas taxas de mortalidade na guerra não foram decorrentes somente
por conta dos encontros armados. Entre os brasileiros, pelo menos metade
das mortes tiveram como causa doenças típicas de situações de guerra do
século XIX. A principal causa mortis durante a guerra parece ter sido o cólera.
–
Não houve um tratado de paz em conjunto. Embora a guerra tenha
terminado em março de 1870, os acordos de paz não foram concluídos de
imediato. As negociações foram interrompidas pela recusa argentina em
reconhecer a independência paraguaia.
–
As aldeias paraguaias destruídas pela guerra foram abandonadas e os
camponeses sobreviventes migraram para os arredores de Assunção,
dedicando-se à agricultura de subsistência na região central do país. As
terras das outras regiões foram vendidas a estrangeiros, principalmente
argentinos, e transformadas em latifúndios.
–
O mercado paraguaio abriu-se para os produtos ingleses e o país viu-se
forçado a contrair seu primeiro empréstimo no exterior: um milhão de
libras da Inglaterra, que se pode considerar a potência mais beneficiada por esta guerra.
–
Depois da guerra, boa parte das melhores terras do Paraguai foi anexada
pelos vencedores. O Brasil ficou com a região entre os rios Apa e
Branco, aumentando para o sul o estado do Mato Grosso. A Argentina
anexou o território das Missões e a área conhecida como Chaco Central.
–
O Brasil, que sustentou praticamente sozinho a guerra, pagou um preço
alto pela vitória. Durante os cinco anos de lutas, as despesas do
Império chegaram ao dobro de sua receita, provocando uma crise
financeira. A escravidão passou a ser questionada, pois os escravos que lutaram pelo Brasil permaneceram escravos.
– O Exército Brasileiro
passou a ser uma força nova e expressiva dentro da vida nacional.
Transformara-se numa instituição forte que, com a guerra, acabou
ganhando tradição e força interna e representaria um papel significativo
no desenvolvimento posterior da história do país.